Quando a gente olha pra um relógio, seja na fachada de um prédio ou atracado ao nosso braço, o que vemos é a quantificação do tempo que passou – do tempo usado, gasto, desperdiçado ou perdido. É sempre o tempo que já se foi.
Na prática, a gente busca o relógio pra nos orientar nas relações sociais que fazem parte da nossa vida. Queremos pegar o ônibus na hora certa, chegar à sala de aula ou consulta médica sem atraso, não perder os primeiros minutos de filme recém-lançado. Fôssemos nós mesmos o motorista, o médico ou o único espectador no cinema, não precisaríamos combinar um determinado horário com ninguém.
O relógio é assim um dos mais importantes instrumentos na nossa socialização, ele contribui pra que as sociedades caminhem de forma coordenada.
Há pouco tempo assisti a um vídeo em que se falava que “toda vez que acordamos temos 24 horas limpas pela frente”. Temos uma página em branco pronta pra ser preenchida. 1440 minutos de novas possibilidades e experiências. Pra aproveitá-los da melhor maneira possível e chegar ao final de cada dia com orgulho e satisfação, é essencial aquela sensação de dever cumprido. Ação e movimento são imprescindíveis.
Quando o relógio computa a ida dos minutos, a ida definitiva deles, a indisponibilidade daquelas horas todas que existiam quando abrimos os olhos de manhã, percebemos o quanto ele pode ser cruel.
Mas veja, ele também abre as portas do tempo que aquele dia ainda te oferece. As oportunidades estão ali, na nossa frente. A hora de colocar o trabalho em dia, de ter aquela conversa com os pais, de fazer um agrado pra um amigo importante ou de agradecer ao vizinho pela gentileza da semana passada, essa hora é já.
Antes agora do que nunca.
